Um ano após a morte do indigenista e do jornalista britânico, segurança na região ainda é preocupação

Nesta segunda-feira (5), data em que os assassinatos do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira completam um ano, a ONG Repórteres Sem Fronteiras divulgou dados de violação dos direitos de jornalistas que atuam na Amazônia.

Segundo o levantamento preliminar, ao menos 62 casos foram contabilizados contra jornalistas e veículos de imprensa na região da Amazônia Legal, que engloba nove estados.

De acordo com os dados reunidos pela Repórteres Sem Fronteiras, entre julho de 2022 e maio de 2023, foram pelo menos 40 homens, 18 mulheres e quatro equipes que sofreram com agressões, ameaças, ataques a tiros e invasões.

A informação foi divulgada durante uma coletiva realizada pelo Instituto Vladimir Herzog e a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).

“A gente tem tentado visibilizar que é necessário que o governo, o Estado brasileiro, construa e consolide um espaço favorável pro exercício livre de um jornalismo livre, plural e independente na Amazônia”, conta Artur Romeu, diretor da Repórteres Sem Fronteiras na América Latina.

Além disso, as ameaças à região não se restringem a jornalistas, como Dom Phillips. Pessoas que atuavam na comunidade e lutavam pela preservação do meio ambiente e pelos direitos dos povos indígenas, como Bruno Pereira, também correm riscos.

Um exemplo é o de integrantes da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja). A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) emitiu, em 27 de outubro de 2022, uma resolução que ampliou medidas cautelares para 11 integrantes da Univaja.

Segundo a representação da CIDH, “os membros da Univaja estão em risco devido ao seu trabalho para proteger os povos indígenas do Vale do Javari e seu território, bem como por sua participação ativa na busca de Bruno Araújo Pereira e Dom Phillips e pela demanda por justiça por seus assassinatos”.

Ainda segundo a organização, essas pessoas estariam sendo assediadas e ameaçadas de morte.

Raquel da Cruz Lima, coordenadora da organização Artigo 19, ressalta que “desde outubro do ano passado, a Comissão tem determinado que o Brasil proteja essas pessoas”.

Rodrigo Portella, do Ministério da Justiça e da Segurança Pública, também esteve no evento e garantiu a presença do governo federal para lidar com os problemas de segurança na região.

“Nosso intuito é garantir construções de políticas públicas interinstitucionais, interministeriais e entre poderes para que a gente consiga chegar nessas regiões com mais força. Um exemplo disso é [como lidamos com] a questão Yanomami”, explica.

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