Advogado afirma que ex-ajudante de ordens Mauro Cid deve dizer que vendeu joias a mando do ex-presidente e entregou o dinheiro para Bolsonaro; hacker narrou plano para forjar invasão a urna.

A movimentação da Procuradoria-Geral da República (PGR), da Polícia Federal (PF), da CPI dos Atos Golpistas e declarações de pessoas próximas a Jair Bolsonaro (PL) complicaram a atual situação do ex-presidente ao longo desta semana.

Nesta quinta-feira, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes autorizou a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Bolsonaro e da ex-primeira-dama Michele Bolsonaro.

O que aconteceu:

advogado do ex-ajudante de ordens da Presidência Mauro Barbosa Cid disse que seu cliente deve dizer que vendeu joias recebidas pelo presidente a mando de Bolsonaro e lhe entregou o dinheiro
o hacker Walter Delgatti à CPI que a quipe de Bolsonaro propôs forjar a invasão de uma urna eletrônica um mês antes da eleição
O que diz Bolsonaro
O advogado Paulo Cunha Bueno, que representa o ex-presidente Jair Bolsonaro, afirmou nesta sexta-feira (18) à GloboNews que seu cliente não recebeu dinheiro da venda do relógio Rolex de luxo negociado pelo ex-ajudante de ordens Mauro Cid nos Estados Unidos.

O próprio presidente, em entrevista ao jornal ‘Estado de S.Paulo’, disse que Cid “tem autonomia”, ao ser questionado sobre a venda de joias pelo ex-ajudante.
Sobre o depoimento de Walter Delgatti à CPI, a defesa dele disse que eram informações falsas e que seriam adotadas medidas judiciais.

Michele Bolsonaro criticou em suas redes sociais a determinação de Moraes sobre a quebra dos sigilos e disse que bastava ter pedido a ela.

Na quinta-feira, Cezar Bittencourt, o novo advogado do ex-ajudante de ordem de Bolsonaro, Mauro Barbosa Cid, informou que seu cliente vai dizer que vendeu as joias da Presidência nos Estados Unidos a mando de Bolsonaro e que entregou o dinheiro para o ex-presidente. A informação foi publicada pela revista Veja e confirmada pela TV Globo.

Mauro Cid era um dos homens de confiança de Bolsonaro. Nesta sexta, em entrevista à GloboNews, Bittencourt disse que Cid não tratou de joias, mas de uma joia – o Rolex.

O esquema teria tido a participação do general Mauro Lourena Cid, pai do ex-auxiliar de Bolsonaro e também amigo do ex-presidente. Seria, inclusive, a exposição de seu pai em meio ao caso que teria feito Mauro Cid, o filho, tomar a decisão de confessar a negociação ilegal das joias, de acordo com o colunista Valdo Cruz.

Segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), as joias, itens de luxo dados de presente ao governo brasileiro por delegações estrangeiras, deveriam ser incorporadas ao acervo da União, e não vendidos como itens pessoais (relembre aqui quais foram os itens vendidos ilegalmente e quanto valem). A PF aponta que os itens começaram a ser negociados em junho de 2022.

Frederick Wassef, advogado do ex-presidente, apresentou versões contraditórias sobre sua participação na venda e compra ilegal de um relógio Rolex recebido como presente pelo ex-chefe do Executivo em viagens ao exterior.

Menos de uma semana após ser alvo da operação da Polícia Federal que o aponta como responsável pela recompra de um relógio Rolex, Wassef mudou sua versão três vezes (entenda aqui).

‘Hora de proteger minha família’, diz Mauro Cid após decidir admitir venda de joias a mando de Bolsonaro

Depoimento de hacker à CPI: O hacker Walter Delgatti, preso desde 2 de agosto por invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), prestou depoimento à CPI dos Atos Golpistas na quinta-feira (17) e afirmou que o então presidente promoveu ações para divulgar informações falsas sobre as urnas eletrônicas. Delgatti não apresentou provas.

Segundo o hacker, Bolsonaro o teria questionado, durante reunião no Palácio da Alvorada, sobre a possibilidade de invasão às urnas eletrônicas. O ex-presidente teria, inclusive, prometido perdão de sua eventual pena (indulto presidencial; entenda aqui) caso Delgatti fosse preso ou condenado.

Ele ficou conhecido em 2019 por ter vazado mensagens de autoridades envolvidas na operação Lava Jato.

A participação do hacker na CPI se deu após a PF identificar o envolvimento dele e da deputada Carla Zambelli (PL-SP) na inserção de alvarás de soltura e mandados de prisão no sistema do CNJ.

A defesa de Bolsonaro disse que as informações dadas por Delgatti são falsas e que adotará medidas judiciais.

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